Rodrigo Constantino
A velha imprensa fez de tudo para derrotar Bolsonaro, desde demonizar o ex-presidente como se fosse o próprio vírus chinês, passando pela recusa em reconhecer qualquer acerto ou virtude em seu governo, e chegando a passar pano para seu único adversário com chances concretas.
Foi assim que surgiu o Lula moderado e responsável que liderava uma "frente ampla pela democracia". Uma narrativa ridícula, mas que a mídia em geral endossou sem qualquer pudor. E eis que, agora, diante do radicalismo raivoso e temerário de Lula, os veículos de comunicação começam a se afastar lentamente, sem qualquer confissão do crime.
A Folha de SP, por exemplo, destaca que Lula "se desfaz de promessa e muda opiniões de campanha em um mês de governo". "Petista se tornou aliado de Lira e alterou postura sobre a possibilidade de reeleição, entre outros pontos", diz o jornal. É um esforço comovente para não falar em estelionato eleitoral, até porque a Folha teria de admitir que fez parte da trama.
Em sua coluna de hoje na Gazeta, Lacombe resume bem a farsa: "Não existe o Lula pacificador, 'paz e amor', o Lula da frente ampla, moderado. A agenda dele é rancorosa, velha, mofada. Ele é feito de mentiras, trabalha pelas mentiras". Um Lula diferente disso nunca existiu de fato, e não era preciso ser um profeta para imaginar que ele estaria mais raivoso e vingativo depois da prisão e do que foi necessário para sua soltura e eleição.
O ataque insistente de Lula ao Banco Central independente tem sido o fator de maior receio dos tucanos de mercado, mas aqui também não há qualquer razão para surpresa, ao menos não para quem esteve atento nos últimos anos. O editorial da Gazeta do Povo de hoje toca no assunto:
Com todo esse histórico, não é nada surpreendente a ofensiva petista contra o Banco Central e sua autonomia, ofensiva esta que agora o ministro Alexandre Padilha tenta minimizar. Só a ingenuidade pura levaria alguém a acreditar que Lula daria ouvidos à ala mais responsável da “frente ampla” de inocentes úteis que o ajudaram a se eleger, e cujo apoio faz deles corresponsáveis, em maior ou menor grau, pelo desastre que virá se a autonomia do Banco Central for revertida e voltarmos à época do intervencionismo irresponsável, ou se a gastança desenfreada for demais até mesmo para as armas à disposição de um BC autônomo.
O Brasil desliza rapidamente rumo ao abismo, e isso era totalmente esperado para quem não perdeu o juízo, não deixou uma ojeriza psicológica a Bolsonaro turvar a razão e, portanto, não fez o L. Os tucanos, por sua vez, estão preocupados. Eles esperavam um Lula moderado e responsável. Ninguém sabe exatamente o motivo...
Dom Corleone acordou irritado. Lera no jornal que aquele mesmo jornalista o criticava novamente. O sujeito tinha até criado um apelido depreciativo para Corleone! O capo chamou em seu gabinete um dos capangas e ordenou: “Pega logo esse jornalista!”
Sem saber como fazê-lo, o capanga conversou com seu comparsa: “Quando o chefe cisma... e agora? Não encontrei absolutamente nada contra o jornalista”. Seu colega, que conhecia bem os métodos do chefe, principalmente quando cismado, disse: “Ora, use a criatividade! E capricha no trabalho, para montar uma narrativa comprometedora desse jornalista”.
Mas não adiantou. O jornalista tinha coragem e “costas quentes”. Ele conseguiu asilo num país sério, e se Corleone mandasse seus jagunços para pegá-lo na marra, poderia gerar um incidente diplomático internacional e afetar seus negócios.
Não que Corleone ligasse tanto para isso. Certa vez, ele peitou até o rei da Espanha! E sobre o presidente americano, ele disse, com ...
Morreu neste domingo o escritor peruano Mario Vargas Llosa, merecido Prêmio Nobel de Literatura. Li no total quatorze livros dele, entre ficção e ensaios políticos, e mais um de seu filho Alvaro. Ambos defenderam a visão liberal clássica num continente tomado pelo esquerdismo radical. Mario foi duro crítico da turma de Fidel Castro e seus discípulos, como Lula no Brasil. Vargas Llosa chegou a dizer que Lula era “fonte de corrupção”, afirmou que jamais votaria no petista e que preferia Bolsonaro. Para a elite socialista, um pecado capital.
Em meu livro “Liberal com Orgulho”, cheguei a escolher um trecho de Vargas Llosa como epígrafe, pois captura bem a postura humilde liberal: “Devemos buscar a perfeição na criação, na vocação, no amor, no prazer. Mas tudo isso no campo individual. No coletivo, não devemos tentar trazer a felicidade para toda a sociedade. O paraíso não é igual para todos”. Vargas Llosa foi, acima de tudo, contra o coletivismo utópico e ...