Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo
Não é novidade a visão de mundo de que o povo é limitado demais para escolher sobre importantes políticas públicas, e que uma casta de especialistas precisa concentrar o poder decisório em seu lugar. A visão globalista de hoje é herdeira de Bismarck, de Weber, de Woodrow Wilson e tantos outros que, no passado, desprezaram a capacidade popular e apostaram numa elite de “sábios”.
O problema maior com essa mentalidade é seu fator antidemocrático, claro. Ironicamente, são os democratas atuais que endossam essa visão arrogante e defendem um seleto grupo de burocratas e tecnocratas sem votos tomando todas as importantes decisões em nome do povo, como se isso fosse democracia. Não é, e é possível fazer críticas ao modelo democrático, mas não é possível se vender como democrata pregando um governo de especialistas de cima para baixo.
Outro grave problema é apontado pela Escola de Virgínia sobre as Falhas de Governo, ou seja, sendo o homem o que é, não um santo abnegado e clarividente, existe o evidente risco de captura das instituições nas mãos desse estamento burocrático, que passarão a operar para perpetuar o próprio poder e não maximizar os “interesses nacionais”. Basta pensar em qualquer corpo burocrático para ter uma leve ideia do dilema.
É contra esse Deep State que Trump declarou guerra. E ele fez isso durante a campanha, ou seja, não há qualquer estelionato eleitoral ao colocar em prática sua promessa. Elon Musk foi apontado antes mesmo para essa missão, e está entregando os resultados. A maioria do povo apoia, mas a casta democrata está em desespero, gritando, berrando e tentando, uma vez mais, boicotar a drenagem do pântano.
Mas dessa vez Trump estava bem mais preparado e sua revolução vem sendo feito de baixo para cima, com centenas de cargos indicados para tal limpeza, além do uso de tecnologia para expor os desvios e a corrupção dos gastos federais. Quem se coloca contra maior transparência e atira no mensageiro em vez de se irritar com o péssimo uso dos recursos públicos está basicamente confessando que faz parte dos esquemas da elite poderosa.
Eis como O GLOBO dá a notícia de que Trump tem aumentado os poderes de Musk em sua “ofensiva contra agências federais”: “Sob argumento de cortar gastos, presidente dos EUA desafia normas federais e limites legais para fechar agências e demitir funcionários — em uma ação que poderia concentrar ainda mais poder na Casa Branca”. Ora bolas, vejam só! Trump é o presidente eleito, mas a velha imprensa não tolera que ele tenha o poder de tomar as decisões em nome do povo, pois isso desafia o poder estabelecido de uma casta tecnocrata sem votos e sem transparência!
Bem no começo da pandemia, em março de 2020, escrevi uma coluna aqui na Gazeta do Povo sobre a tirania dos especialistas, falando da postura dos “médicos” que pecam por excesso de cautela e não levam em conta outras áreas, como a economia. Citei o economista liberal Hayek, que tanto condenou essa soberba tecnocrática: "Nossa liberdade está ameaçada em muitos campos, devido ao fato de estarmos prontos demais para deixar a decisão ao especialista ou aceitar demasiadamente sua opinião sobre um problema do qual ele conhece intimamente apenas um pequeno aspecto".
Eu já tinha em mente a postura autoritária de figuras como Dr. Fauci, que só escalou depois. Hoje Fauci precisa de perdão preventivo de Biden para se proteger da Justiça, e o que veio à tona já comprovou sua corrupção e desonestidade ao lidar com a pandemia. Fauci se tornou multimilionário neste período, o que choca ainda mais. Qualquer pessoa minimamente honesta deveria reavaliar toda a aceitação cega a “especialistas” como Fauci durante a crise, e questionar se devemos mesmo concentrar tanto poder nesses “tecnocratas”.
O povo pode fazer escolhas ruins, não resta dúvida. Mas, numa democracia, ao menos ele terá a oportunidade de reavaliar suas decisões e mudar de rumo. Se uma casta de “especialistas” detém todo o poder, sem o devido escrutínio e a necessária transparência, porém, aí esse estamento burocrático vai avançar mais e mais sobre nossas liberdades e nosso bolso, sempre em nome do “bem geral”. E quando você reclamar, isso será tratado como “ataque à democracia” e você será censurado. Soa familiar?
Dom Corleone acordou irritado. Lera no jornal que aquele mesmo jornalista o criticava novamente. O sujeito tinha até criado um apelido depreciativo para Corleone! O capo chamou em seu gabinete um dos capangas e ordenou: “Pega logo esse jornalista!”
Sem saber como fazê-lo, o capanga conversou com seu comparsa: “Quando o chefe cisma... e agora? Não encontrei absolutamente nada contra o jornalista”. Seu colega, que conhecia bem os métodos do chefe, principalmente quando cismado, disse: “Ora, use a criatividade! E capricha no trabalho, para montar uma narrativa comprometedora desse jornalista”.
Mas não adiantou. O jornalista tinha coragem e “costas quentes”. Ele conseguiu asilo num país sério, e se Corleone mandasse seus jagunços para pegá-lo na marra, poderia gerar um incidente diplomático internacional e afetar seus negócios.
Não que Corleone ligasse tanto para isso. Certa vez, ele peitou até o rei da Espanha! E sobre o presidente americano, ele disse, com ...
Morreu neste domingo o escritor peruano Mario Vargas Llosa, merecido Prêmio Nobel de Literatura. Li no total quatorze livros dele, entre ficção e ensaios políticos, e mais um de seu filho Alvaro. Ambos defenderam a visão liberal clássica num continente tomado pelo esquerdismo radical. Mario foi duro crítico da turma de Fidel Castro e seus discípulos, como Lula no Brasil. Vargas Llosa chegou a dizer que Lula era “fonte de corrupção”, afirmou que jamais votaria no petista e que preferia Bolsonaro. Para a elite socialista, um pecado capital.
Em meu livro “Liberal com Orgulho”, cheguei a escolher um trecho de Vargas Llosa como epígrafe, pois captura bem a postura humilde liberal: “Devemos buscar a perfeição na criação, na vocação, no amor, no prazer. Mas tudo isso no campo individual. No coletivo, não devemos tentar trazer a felicidade para toda a sociedade. O paraíso não é igual para todos”. Vargas Llosa foi, acima de tudo, contra o coletivismo utópico e ...