Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo
Alexandre de Moraes não está mais entre nós. Ao menos na plataforma X, antigo Twitter, de propriedade de Elon Musk. Sua conta, o famoso @ alexandre, como se ele fosse o único ou o mais importante Alexandre de todo o planeta, foi desativada. O ministro não aguentou a pressão da fama internacional? Ou será que quer evitar ser citado em processos pelo próprio X, como fez com Elon Musk? Talvez seja para preparar o terreno pois já sabe que vai banir toda a plataforma do país novamente?
O ministro, afinal, meteu uma multa de oito milhões no X por não revelar dados cadastrais do jornalista Allan dos Santos, o maior desafeto de Alexandre. O poderoso ministro se sente impotente sempre que tenta destruir Allan dos Santos, apenas para descobrir que há leis nos Estados Unidos, que sua jurisprudência não é planetária, que ele não pode... tudo. Isso deve ser realmente frustrante para quem acumulou tanto poder em seu país por excesso de covardia e corrupção da imensa maioria das autoridades.
Chris Pavlovski, CEO e fundador do Rumble, partiu para cima da censura alexandrina. Ele postou em português: “Ao povo brasileiro, eu posso não ser brasileiro, mas prometo que ninguém lutará mais pelos seus direitos à liberdade de expressão do que eu. Lutarei até o fim, incansavelmente, sem jamais recuar”. Isso foi depois de Alexandre tentar mais uma vez intimidar a plataforma com ordens ilegais, ao que Pavlovski rebateu:
“Recebemos mais uma ordem ilegal e sigilosa na noite passada, exigindo nosso cumprimento até amanhã à noite. Você não tem autoridade sobre o Rumble aqui nos EUA, a menos que passe pelo governo dos Estados Unidos. Repito — nos vemos no tribunal”. O empresário criou o movimento “Make Brazil Free Again”, ou Faça o Brasil Livre Novamente. Se uns dez senadores “isentões” tivessem sua coragem, talvez o Brasil ficasse livre mesmo logo.
Depois de pressão, Alexandre de Moraes liberou os vídeos da colaboração de Mauro Cid. Só a Globo viu ali alguém “descolado” ou “tranquilo”, pois o que o Brasil todo viu foi um tenente-coronel desesperado diante das ameaças que ouvia do próprio Alexandre, envolvendo até sua família, seu pai, sua esposa, sua filha! Mãos trêmulas, suor, cabeça baixa inconsolável: o quadro era de alguém sob clara tortura emocional.
Se a "colaboração" não fosse filmada, não tenho dúvidas de que Alexandre colocaria Cid com aquela toalha na cabeça mergulhado em balde de água, até ele "entregar" Bolsonaro inventando uma cronologia perfeita do golpe imaginário que nunca aconteceu. Tudo isso é um enredo patético demais que só cúmplice do verdadeiro golpe finge acreditar. Mas talvez o sistema tenha ido longe demais seguro da impunidade...
Como explicou o advogado Emerson Grigollette, o §6º do art. 4º da Lei Federal n.: 12850/13 estabelece que: “O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração”. E mais: que “essa negociação ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor”.
Além disso, o art. 1º, inciso II da Lei 9455/97 estabelece que “Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos”. Se houver Justiça novamente no Brasil algum dia, Alexandre de Moraes será certamente preso.
Até lá, preparem-se para mais medidas autoritárias e ilegais, pois todo tirano acuado dobra a aposta. Baixem para ontem uma VPN para acessar as plataformas, pois se depender de Alexandre, restará somente a Globo criando narrativas falsas como se fossem notícias sérias. Por ora, vamos celebrar ao menos o X mais livre: tchau, Alexandre!
Dom Corleone acordou irritado. Lera no jornal que aquele mesmo jornalista o criticava novamente. O sujeito tinha até criado um apelido depreciativo para Corleone! O capo chamou em seu gabinete um dos capangas e ordenou: “Pega logo esse jornalista!”
Sem saber como fazê-lo, o capanga conversou com seu comparsa: “Quando o chefe cisma... e agora? Não encontrei absolutamente nada contra o jornalista”. Seu colega, que conhecia bem os métodos do chefe, principalmente quando cismado, disse: “Ora, use a criatividade! E capricha no trabalho, para montar uma narrativa comprometedora desse jornalista”.
Mas não adiantou. O jornalista tinha coragem e “costas quentes”. Ele conseguiu asilo num país sério, e se Corleone mandasse seus jagunços para pegá-lo na marra, poderia gerar um incidente diplomático internacional e afetar seus negócios.
Não que Corleone ligasse tanto para isso. Certa vez, ele peitou até o rei da Espanha! E sobre o presidente americano, ele disse, com ...
Morreu neste domingo o escritor peruano Mario Vargas Llosa, merecido Prêmio Nobel de Literatura. Li no total quatorze livros dele, entre ficção e ensaios políticos, e mais um de seu filho Alvaro. Ambos defenderam a visão liberal clássica num continente tomado pelo esquerdismo radical. Mario foi duro crítico da turma de Fidel Castro e seus discípulos, como Lula no Brasil. Vargas Llosa chegou a dizer que Lula era “fonte de corrupção”, afirmou que jamais votaria no petista e que preferia Bolsonaro. Para a elite socialista, um pecado capital.
Em meu livro “Liberal com Orgulho”, cheguei a escolher um trecho de Vargas Llosa como epígrafe, pois captura bem a postura humilde liberal: “Devemos buscar a perfeição na criação, na vocação, no amor, no prazer. Mas tudo isso no campo individual. No coletivo, não devemos tentar trazer a felicidade para toda a sociedade. O paraíso não é igual para todos”. Vargas Llosa foi, acima de tudo, contra o coletivismo utópico e ...